O primeiro adeus

Março é um mês realmente cheio, mas o dia de hoje carrega uma data cheia de lembranças. A lembrança do dia em si é realmente triste, mas o que ela me faz lembrar é o que realmente importa para este dia em que eu conheci a palavra “adeus” pela primeira vez.
Hoje faz seis anos que eu fui apresentado à tristeza de perder alguém. Meu avô...
Devo dizer que as lembranças que tenho dele são sempre alegres e felizes. Era uma pessoa excepcional e deu aos seus muitos (muitos mesmo) filhos a educação e essência de ser alguém exemplar nessa vida.
Eu lembro dos últimos dias em que falei com ele. Por morar em uma cidade diferente nunca pude estar tão presente quanto devia, mas guardei seus ensinamentos comigo, afinal, ele conseguiu ensinar não só a mim, mas a toda minha família e até mesmo aos amigos que a vida é simples, a felicidade está em pequenas coisas, que mesmo nos piores momentos, você deve agradecer pelo que tem e dar o seu devido valor.
E eu agradeço todo dia por ter tido a honra de te conhecer e receber sua mensagem. Eu lembro da ultima vez que falei com o senhor. Voltando para casa, pedi a sua benção como de costume e você me disse:
Mas já vão?
Vou, mas volto logo
Eu voltei, mas foi tarde...
Naquele mesmo dia, eu precisei compreender que a vida não dura para sempre e que ela passa rápido, não se pode deixar as coisas sempre para depois. Foi uma noite longa até que amanheceu e voltei para me despedir daquele que com tão poucas palavras me fez abrir os olhos para a vida.
A ficha caiu assim que o carro virou em uma pequena ladeira que dava acesso a casa onde meus avós moravam. Como foi triste perceber e entender o sentido de um adeus. Foi tudo tão rápido e eu me sustentei na força que a minha mãe manteve para consolar minha avó, mas ao vê-la chorar, já no enterro, eu percebi o quanto ele faria falta.
Os anos estão passando e sempre sinto sua falta. Seis anos, mas mesmo depois de tanto tempo, ainda preservo sua alegria comigo. A mania de sentar na varando e ler um pequeno livro de versos que o senhor guardava e o lia para os netos, a fama de ser melhor dançarino do que os meninos do povoado nas festas de forró, o gosto pelo cantar e o de ser sempre essa pessoa que faz os outros se sentirem melhor.
Guardarei comigo toda essa essência que o fez estar alegre até o último minuto da sua exemplar vida, meu avô. Eu te agradeço por ser o que foi e sempre rirei ao lembrar de sua simples brincadeira quando eu chegava pedindo a benção ao ir em sua casa:
“’Bença’ vô
Você é ‘fi’ de quem mesmo?
Tanta coisa veio à tona após este adeus, tantas lembranças, arrependimentos, compreensões. É fato que é necessário dar valor aos que estão com a gente e honrar suas memórias e lembranças ao partirem. Aquele velho: “A vida é uma só e ela passa rápido”.

Por fim, eu conheci a palavra “adeus”, mas acredito que um dia ainda vou te encontrar e poder te agradecer por tudo que me ensinou, meu avô. Acho que “adeus” significa apenas “até mais”.



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